Demagogia?
Demagogia, segundo o Dicionário Aurélio é, entre outras coisas, “simulação de modéstia, de pobreza, de humildade, de desprendimento, de tolerância, etc.,...”
Pois bem... Meu último post, para alguns, pode ter parecido exatamente isto... demagogia... mas não é.
Um dos pontos em que o texto pode parecer demagogo é quando eu falo que não teria coragem de desejar um feliz natal a um mendigo, ou a uma criança catando lixo para comer.
Ao ler estas frases, muito provavelmente o que virá à mente do leitor será: “Mas este cara que escreveu isto, será que ele não come? Será que não gosta de comer bem e fartamente?”
Óbvio que eu gosto de comer bem - aliás, é uma das coisas que mais me dá prazer.
Vamos esclarecer algumas coisas.
Primeiro, eu nunca me excluí da lista dos “condenados” por mim... apenas disse que eu não poderia desejar feliz natal, a quem não tem sequer o que comer.
Segundo, eu não critico o ato de comer bem. O que eu critico no meu texto é a HIPOCRISIA de quem come fartamente e tem a ousadia de desejar feliz natal àquele que está com fome, sem fazer nada para mudar a situação.
Se uma pessoa passa por alguém, e lhe deseja feliz natal, isto implica que esta pessoa deveria FAZER algo para que o seu DESEJO se concretizasse. Simplesmente DESEJAR e não FAZER nada, não ajudou em absoluto a mudar a situação.
Um exemplo:
Você está sentado em um restaurante, frente a um lauto jantar e olha para fora e vê, em frente ao restaurante, uma criança com fome. O que você faz? Simplesmente DESEJA que ela se alimente. Mas, se você não FIZER nada para isto, nada acontecerá.
O ato de você DESEJAR que ela se alimente, não irá fazer um prato de comida se materializar à sua frente.
O ato de você DESEJAR um feliz natal a alguém não irá fazer com que este alguém tenha realmente um natal feliz.
Há aqueles que defendem que o simples fato de você desejar um feliz natal a alguém que está nesta situação, lhe trará alento e esperança ou, no mínimo, se sentirá feliz porque alguém passou e o “viu”... pois eu digo que este sentimento é, no máximo, momentâneo. Você não FEZ nada de prático ao DESEJAR feliz natal.
Para que este ato de DESEJAR realmente tivesse valor, você teria que FAZER algo para que o natal da pessoa realmente fosse feliz. Ouvir seus problemas e, pelo menos, tentar ajudá-lo a resolvê-los... Estou me referindo sempre à fome, apenas como exemplo.
Há ainda, aqueles que falam da tal “força do pensamento”. Voltando a citar o exemplo do restaurante, honestamente, não acredito que se alguém DESEJAR que você dê um prato de comida à criança, você fará isto. Seria hipnose, sugestão hipnótica ou qualquer outra coisa que queiram inventar, mas dizer que foi um desejo de outra pessoa que motivou você a fazer alguma coisa, não. Se você FEZ, é porque VOCÊ DESEJOU.
Outra coisa que quero falar é sobre o DESEJO, ou ato de DESEJAR.
Novamente segundo nosso estimado Aurélio, DESEJAR é, “(...) Ter gosto ou empenho em (...)”, por sua vez, EMPENHAR é “(...) Ficar obrigado por compromisso ou promessa (...)”.
Então, poderíamos dizer que temos duas formas de DESEJO. Uma, aquela real, sincera, quando você realmente deseja algo de bom para si ou para alguém. Esta forma, não tem muito a ver com o que está sendo dito aqui e explico porque a seguir. A outra, a forma vil, mesquinha, é aquela quando se “gospe” um feliz natal ou feliz qualquer outra coisa, apenas porque uma sociedade déspota, hipócrita, assim o determinou no decorrer dos séculos.
Quando você usa a forma sincera de DESEJAR, você procura FAZER aquele desejo acontecer. Seja para você mesmo ou para outra pessoa. É como você ter um filho doente e desejar que ele restabeleça sua saúde. Você não irá apenas olhá-lo e dizer: “desejo que você fique bom!” Não! Você o levará ao médico, comprará remédios, enfim... você DESEJOU que ele ficasse bom e FEZ alguma coisa para que isto acontecesse.
Entretanto, quando você “gospe” um feliz natal a alguém que você encontra na rua, ou mesmo à colega seu, você está usando a forma vil da palavra desejo. Você, muitas vezes, sequer pensa no real significado da palavra. Você diz aquilo porque está “condicionado” a dizer aquela frase quando encontra qualquer pessoa... Faça um teste... você conseguiria lembrar de TODAS as pessoas que você, este ano, desejo feliz natal? TODAS, sem exceção.
Quero ressaltar que minha crítica não se estende a todos que dizem “feliz natal”, mas tão somente aos hipócritas que sequer pensam no significado da expressão. Que dizem apenas por condicionamento.
Irão perguntar, então, porque eu não DESEJO feliz natal e FAÇO algo para isto acontecer. Primeiro, porque eu teria que “escolher” as pessoas para as quais eu iria fazer alguma coisa e as outras para as quais eu deixaria de fazer. Isto seria uma seleção e quem sou eu para selecionar quem merece ou não ser feliz?
Segundo, confesso que não acredito nem um pouco no natal da forma como ele é pregado. Dizem que comemora-se o nascimento de Jesus. OK... Então, deveríamos dar os parabéns à Ele, não?
Na verdade, transformaram esta data em algo puramente comercial, começando pela atual roupagem do idiota do papai noel, que foi idealizada para um comercial da coca cola em 1931. E ainda falam de "espírito de natal"? Só se for "espírito comercial". Sem contar, as inúmeras contradições que existem relacionadas a esta data. Qualquer dia destes, acho que vou escrever um post justamente falando destas contradições. Por ora, vou falar apenas sobe o dia 25 de dezembro.
Porque muita gente celebra o Natal em 25 de Dezembro?
Essa data foi escolhida pela Igreja Católica Romana. Devido ao domínio de Roma sobre o mundo "Cristão" por séculos, a data se tornou tradição por toda a cristandade..
O significado original de 25 de Dezembro é que esse dia era um popular dia festivo de celebração do retorno do sol. Em 21 de Dezembro ocorre o solstício de inverno (o mais curto dia do ano e assim um dia chave no calendário), e 25 de Dezembro era o primeiro dia no qual os antigos podiam notar claramente que os dias estavam se tornando maiores e que a luz do sol estava retornando.
Assim, por que 25 de Dezembro foi escolhido para lembrar o nascimento de Jesus Cristo com uma missa (ou ceia)? Como ninguém sabe o dia de Seu nascimento, a Igreja Católica se sentiu livre para escolher essa data. A Igreja queria substituir o festival pagão com um dia santo Cristão. O método se valia do fato de que é mais fácil tirar um festival mundano, mas tradicional, da população quando podemos substituí-lo com um bom festival. De outra forma, a Igreja teria deixado um vácuo onde antes havia uma tradição de longas datas, e se arriscado a produzir descontentamento na população e um rápido retorno à prática pagã.
Portanto, eis os motivos pelos quais eu não comemoro o natal.
OS: Fiquei mesmo tentado a escrever sobre os equívocos do natal... acho que não esperar até o próximo ano para escrever sobre isto... apenas um detalhe... é bem provável que dezembro tenha sido a concepção de Jesus... depois eu explico.
